Com certeza, você já ouviu falar de algo a respeito do maior poema em língua sânscrita já escrito, conhecido como “O Mahabharata”.
Este texto é chamado, dentro da tradição indiana, como “a epopéia” e é considerado como a própria Índia.
Quando entramos em contato com sua leitura dessa narrativa, algo de profundo nos atrai: será o sentimento claro de uma ameaça pesando sobre o mundo? Será a obstinada procura do verdadeiro sentido da ação correta? Será o jogo sutil e às vezes feroz que se joga com o destino? Ou talvez essa visão, engraçada e por vezes patética, de personagens que se esquecem de sua origem divina para afrontar aquilo que os gregos, na mesma época, chamavam de problemata, ou seja, essas questões e conflitos de cada dia que aos poucos apagam o mito e fazem nascer a tragédia?
O Mahabharata tem um pouco de tudo: histórias extraordinárias mescladas a surpreendentes rupturas de tom, que podem passar do horror e da farsa às mais altas expressões da espiritualidade indiana.
Riquíssimo texto!
Esse grande poema do mundo conta a longa e furiosa disputa que opôs dois grupos de primos, os Pândavas, que são cinco irmãos, e os Káuravas, que são cem. Essa briga de família, que começa e se desenvolve tendo em vista o império do mundo, termina num imenso combate, que põe em jogo a sorte de todo o universo.
Além desse contexto, podemos fazer outras leituras nesse grande épico: aspectos históricos, como por exemplo, o reflexo das guerras que dividiram os dravidianos e arianos durante o segundo milênio antes da nossa era ou, de outro lado, aspectos míticos.
Há também alguns estudiosos que ressaltam a importância dos livros de ensinamento (político, social, moral e religioso) e vêem no Mahabharata um longo tratado de iniciação real.
Há controvérsias sobre sua autoria; entretanto, é difícil crer que o Mahabharata tenha sido escrito por um grupo de autores diferentes no decorrer dos séculos pela sua estrutura densa, complexa e magistralmente elaborada. Tudo leva a crer que seu autor foi Vyasa, dada sua existência em determinado momento, segundo dados históricos.
Aspectos psicanalíticos são bastante marcantes na obra. O Mahabharata fala com bastante frequência do inconsciente e, embora essa palavra se mostre inaceitável, visto hoje em dia se revestir do significado de libido, algo que não acontecia antigamente, o sânscrito fala, por exemplo, nos “secretos movimentos do atmã”.
O Mahabharata foi escrito “para inscrever o darma no coração dos homens”. Por essa razão, Vyasa compôs seu poema.
O darma é a lei que rege a ordem secreta e pessoal que cada um traz em si e à qual é preciso obedecer.
O darma de cada indivíduo constitui, se for respeitado, a garantia da ordem cósmica. Algo ocorre no sentido contrário, pois se o darma é protegido, ele protege; se é destruído, destrói: é nessa singular reciprocidade entre o uno e o múltiplo, entre o particular e o geral, que se encontra o cerne do pensamento indiano, tal como se exprime no poema. Reciprocidade que leva a uma multiplicidade de ecos.
Jean-Claude Carrièri, estudioso do Mahabharata, cineasta e dramaturgo dedicado, utilizou uma metáfora de Henri Michaux que parece definir o próprio ideal de Vyasa, autor de O Mahabharata:
“Se contasses esta história a um bastão velho, ele recuperaria as folhas e as raízes”.
Daí a importância de entrarmos em contato com essa grande obra. Ele pode nos fazer lembrar quem realmente somos e porque estamos aqui!
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Centro de Estudos Psicanalíticos e Filosóficos da Transpsicanálise
Rua do Bosque 1589, cj 608, sexto andar – Edifício Pallatino
Barra Funda – São Paulo – SP
21 de julho de 2012 – das 13h às 18h
Investimento: R$130,00
(5 horas de curso com certificado, coffee-break e apostila)